quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

A Carne Revelada

Leitura: Lucas 9:44-48

Os discípulos ainda estão admirados com a libertação do menino possesso por um demônio, quando Jesus lhes diz: “Ouçam atentamente o que vou lhes dizer: o Filho do homem será traído e entregue nas mãos dos homens" (Lc 9:44). Eles não entendem este aviso de que Jesus seria preso e condenado à morte por seu próprio povo.

A razão é explicada no versículo seguinte: “Eles não entendiam o que isso significava; era-lhes encoberto, para que não o entendessem” (Lc 9:45). Deus quis que o significado destas palavras ficasse temporariamente oculto a eles. As palavras “traído e entregue” deixaram claro tratar-se de algo muito grave, pois a passagem continua dizendo que “tinham receio de perguntar-lhe a respeito dessa palavra” (Lc 9:45). Porém o porquê, quando, como ou por quem eles ainda não podiam compreender.

A julgar pelo tempo que andavam juntos e pelo carinho e atenção que Jesus lhes dedicava era de se esperar que os discípulos já tivessem um certo grau de intimidade com o Senhor. Mas não. Tudo indica que, apesar do acesso franqueado por aquele que disse “Venham a mim” (Mt 11:28), o problema da falta de uma comunhão maior com o Senhor vinha dos próprios discípulos.

Assim é hoje. Jesus é extremamente solícito em nos deixar à vontade para nos aproximarmos dele, mas nós nem sempre queremos tê-lo por perto. Por quê? Porque a carne nos controla em muitas situações e nos afasta dele, apesar desse desejo permanente que ele tem de estar perto de nós. Não correspondemos ao seu amor porque temos nossa própria agenda, nossos próprios interesses. Não queremos uma proximidade com Cristo que possa atrapalhar nossos planos.

Como eu sei? Basta ler o versículo seguinte para descobrir com quê os discípulos estavam preocupados. Certamente não era com a traição e prisão de Jesus, mas com eles próprios e com o lugar que cada um ocuparia no reino de Cristo. “Começou uma discussão entre os discípulos, acerca de qual deles seria o maior” (Lc 9:44).

Aqui não diz que Jesus tenha escutado a conversa deles, mesmo assim ele ouve seus pensamentos. Por isso responde a eles e a resposta é dada na forma de uma criança: “Quem recebe esta criança em meu nome, está me recebendo; e quem me recebe, está recebendo aquele que me enviou. Pois aquele que entre vocês for o menor, este será o maior” (Lc 9:48).

Resolvida a questão? Não. O sentimento carnal voltará a se manifestar nos próximos 3 minutos, e bem ao estilo do caráter encontrado no homem religios.

Fonte: O Evangélio em 3 min

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Qual é a Religião Verdadeira?


Acredito que você tenha agido corretamente ao não interromper o treinamento de ética na empresa para contestar as palavras da consultora. Pelo que você disse, antes de afirmar que todas as religiões estão certas, ela perguntou se existia alguma religião errada. Mas a pergunta dela foi retórica, ou seja, apenas para fazer uma ponte para a conclusão à qual queria chegar.

Ela não estava perguntando particularmente a você ou ao grupo. Se a palestrante se dirigisse a você para saber a sua opinião, aí ela estaria lhe dando espaço para responder o que pensa. Só que então, se ela fosse agir de modo ético, teria de aceitar sua opinião de que sua fé em Cristo é correta ao menos para você.
Em Tiago 1:27 diz que "A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo". Considerando que o contexto todo da epístola de Tiago nos fala do aspecto exterior da religião, isto é, de suas consequências práticas na vida das pessoas, muitas religiões se enquadrariam nesta definição.
Mas o que dizer da fonte da religião, daquilo que leva a pessoa agir dessa maneira? As boas ações são consequência da fé de uma pessoa, e quando entramos na questão espiritual ou na origem da fé, aí é que vemos o abismo existente entre as religiões. O ponto não é o que as religiões produzem, mas qual o seu cerne, a base de sua crença. Veja, por exemplo, esta afirmação de Jesus:
Joã 14:6 Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.
No mundo atual essa declaração seria considerada presunçosa, arrogante e preconceituosa. Porém não existe outra forma de entender isso além daquilo que ele está mesmo dizendo: para ir ao Pai é preciso, não uma religião, mas uma Pessoa: Jesus. E NINGUÉM chegará lá se não for por meio de Jesus. Apenas esta declaração seria suficiente para eliminar qualquer crença ou religião que não inclua a Pessoa de Jesus como único caminho para o Pai. Mas há outras afirmações na Bíblia, como:
1Tm_2:5 Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem.
Ats_4:12 E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.
Uma coisa é dizer que todas as pessoas, independente da religião que professam, devem ser respeitadas e amadas, ou que todas elas têm o direito de crer naquilo que quiserem. Isto sim é uma atitude ética e respeitosa, uma maneira pacífica de se relacionar com pessoas de diferentes crenças, e é assim que os cristãos deveriam procurar agir. Mas é uma ideia completamente absurda dizer que todas as religiões são iguais ou estão certas, e vou explicar a razão.
Primeiro, se todas estão certas, então o cristianismo está errado ao afirmar que a salvação é obtida apenas e tão somente pela fé em Jesus. Além disso, ao afirmar que todas as religiões estão certas a pessoa deverá incluir aquelas que promovem sacrifícios humanos, como a religião dos Maias e Astecas, ou que promovem conversões à força e prendem, torturam ou até matam os que as abandonam por outra crença.
Talvez alguém argumente que o cristianismo fez muito disso ao longo de sua história, mas não estamos falando aqui do que as pessoas fazem com a crença que abraçaram, mas sim dos fundamentos dessa crença. Leia os evangelhos ou o livro de Atos, que descreve o início do cristianismo, e verá que não existe nada parecido à cristandade das Cruzadas, da Inquisição ou outras práticas criminosas feitas em nome de Jesus. Alguém descreveu o cristianismo como a neve pura que desce do céu, e a cristandade como a lama que se forma quando a neve se mistura com a poeira da terra e é pisada pelos homens.
É uma ingenuidade afirmar que todas as religiões são iguais ou que são apenas diferentes caminhos para se chegar a Deus. Basta tomar, por exemplo, o budismo, que nem mesmo acredita na existência de um Deus. O cristianismo diz que depois da morte vem o juízo, mas o hinduísmo diz que vem a reencarnação. Se um estiver certo o outro está errado.
Talvez alguém queira argumentar que ao menos cristianismo e islamismo são semelhantes por acreditarem em um único Deus, mas basta conhecer um pouco de islamismo para ver que não existe nessa religião qualquer ideia de um relacionamento pessoal com Deus. Entre em uma mesquita em Bagdá e faça uma oração em voz alta chamando a Deus de Pai para ver o que acontece. No entanto...
Joã_20:17 Disse-lhe Jesus: Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai, mas vai para meus irmãos, e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus.
Alguém poderia até afirmar que todas as religiões são falsas, como argumentam os ateus, e tentar apresentar razões para isso. Mas é impossível afirmar que todas sejam verdadeiras, pois basta compará-las. Se 2+2=4, então 2+2=5 está errado.
Afirmar que todas as religiões são igualmente válidas e verdadeiras pode parecer uma posição ética e educada, mas não passa de pura soberba. Quem pode dizer que conhece todas as religiões o suficiente para afirmar que todas passaram no teste e podem receber o carimbo de "Verdadeira"? Quem afirma isso ou é arrogante ou é ignorante (ignora todas as religiões).
Repito: Podemos até dizer que todos têm o direito de professar a religião que quiserem e crer no que bem entenderem, e devemos respeitar as pessoas de diferentes crenças sem precisarmos dar nosso aval àquilo que elas creem. Eu posso amar um fumante e ter aversão ao cigarro. Mas dizer que qualquer escolha da pessoa - fumar ou não fumar - seria igualmente benéfica não passa de uma grande tolice.
Geralmente as pessoas afirmam que todas as religiões são igualmente benéficas e verdadeiras para tentar apaziguar os ânimos dos defensores de suas respectivas crenças, ou até mesmo para impedir que a crença individual de cada um seja proclamada e as pessoas tentem conseguir convertidos cada um para a sua fé.
Mas quem faz isso não percebe que está fazendo exatamente a mesma coisa daquele que professa uma religião em particular. Quem afirma que todas as religiões são válidas está procurando fazer com que as pessoas abandonem suas crenças individuais e "se convertam" à crença genérica de que "todas as religiões são válidas". Não importa qual afirmação você faça ou posição que adote: ela será sempre exclusivista, excludente e preconceituosa contra aqueles que pensam diferente de você.
A pergunta "Qual é a religião correta?" não tem uma resposta que não seja preconceituosa, porque é como perguntar qual é a música mais bonita ou o artista que pinta melhor.
A pergunta que deve ser feita é: Qual é a religião diferente de todas as outras? Aí sim, o cristianismo é a única religião que se distingue de todas as outras, porque enquanto TODAS as religiões enfocam uma salvação (ou purificação ou evolução ou reencarnação ou o que quer que tenha como alvo) com base no esforço próprio. O cristianismo, porém, coloca o homem na condição de totalmente inapto de fazer qualquer coisa para "religar-se" (daí vem a palavra "religião") a Deus. Ele é um pecador tão perdido quanto alguém que caiu num poço profundo e não tem uma escada para sair.
No cristianismo é Deus que, por meio de Jesus e sua morte e ressurreição, apaga as transgressões do homem, dá a ele uma nova vida e o ressuscita, capacitando-o a morar na esfera celestial. E tudo isso vem pela fé em Jesus, uma fé que nem sequer brota na pessoa convertida, mas que é um dom de Deus.
Efs 2:8 Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.
Todas as religiões são como alguém gritando lá em cima na boca do poço: "Saia daí, se esforce, você consegue!". No cristianismo Jesus vai ao fundo do poço buscar você e o leva para cima. Mas ele não faz isso enquanto você estiver tentando subir por seus próprios meios, mas apenas quando desiste de salvar-se a si mesmo.

Fonte: Respondi

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Tema do EBI (Estudo Bíblico Indutivo): É realmente necessário ler a Bíblia para crescer espiritualmente?

Com o grande crescimento da Igreja no país é de vital importância que o crescimento qualitativo acompanhe o quantitativo, em outras palavras, é preciso que estas pessoas estejam buscando crescimento espiritual. A bíblia ainda é o melhor livro que um cristão pode ler, nelas estão contidas palavras de louvor, fé, exaltação, conselhos, salvação, princípios, bênçãos e todo tipo de conteúdo necessário para uma experiência genuína de aproximação com Deus.
Pergunta 1: Eu preciso mesmo ler a bíblia para crescer espiritualmente?
Pergunta 2: Outros livros não podem me oferecer subsídio suficiente?  
Pergunta 3: Não basta ouvir as mensagens dada pelo meu líder?
           Assim como nosso corpo carece de alimento diariamente para se manter firme, o nosso espírito precisa de alimento espiritual para que possamos também nos manter firmes, a leitura da Bíblia é um princípio que deve ser mantido, e é de fundamental importância para que o crescimento espiritual seja possível.
A Bíblia é o nosso “Manual de Instruções”, todo e qualquer estudo, livro ou artigo dirigido à vida cristã deve ter como base a palavra de Deus. É interessante e recomendada a leitura de outros livros, mas é necessário que você saiba discernir e identificar quais leituras trarão edificação e quais não estão fundamentadas no nosso princípio de fé e ordem, e a única forma de fazê-lo é conhecer a Bíblia. O mesmo vale para as mensagens ministradas pelos líderes religiosos, devemos estar sempre atentos ao que é dito e identificar sua veracidade de acordo com a palavra, não devemos ser alienados e aceitar tudo quem vem a nós sem refletir na mensagem que estamos ouvindo.
A própria Bíblia estimula a leitura da palavra de Deus, em diversos versículos é mencionada a importância de estudá-la e sua importância. Alguns exemplos são:
II Tm 2.15 “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.”
Sl 1.1a-2 “Bem-aventurado o varão que não anda segundo o conselho dos ímpios... Antes têm o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite.”
Mt 24.35 “O céu e a Terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar.”
Sl 119.11 “Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti.”

Conclusão
                Deus nos deixou um livro de conteúdo incomparável, cabe a nós dedicarmos o nosso tempo para estudá-lo, entende-lo e aplicá-lo em nossas vidas, para assim adquirir conhecimento e sabedoria proporcionando o crescimento espiritual necessário em nossas vidas. “Bem-aventurado o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire conhecimento;”. Pv 3.13
 








EBI ministrado pelo acadêmico de Eng. Ambiental Hilquias Miranda Cortez na Universidade do Estado do Pará (Uepa)

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Participação da ABU Marabá na Madrugada Jovem

Imagens do Evento realizado pela 1ª Igreja Batista em Nova Marabá no dia 24 de setembro de 2012.












terça-feira, 21 de agosto de 2012

ABU Marabá participará no Evento do 31º Aniversário da 1ª Igreja Batista


TODOS OS ABUENSES ESTÃO CONVOCADOS    

  A ABU Marabá participará do evento do 31º aniversário da 1ª Igreja Batista em Nova Marabá localizada na Folha 32 (VP8), Quadra 19, Lote 04 (EM FRENTE A FARMÁCIA BIG BEN).

      Participaremos no dia 24 de agosto de 2012 (sexta-feira), onde ocorrerá a MADRUGADA JOVEM, a partir das 21hs. Será uma ótima oportunidade para divulgarmos os trabalhos da ABUB e convocar os estudantes evangélicos a participarem dessa missão. O Evento contará com a participação de diversas igrejas de Marabá e suas bandas que tocarão no palco. Também estará presente no evento, diretamente de Imperatriz, Ministério de Louvor Aba Pai DANIEL ALENCA e banda.

VAI SER BENÇÃO

domingo, 19 de agosto de 2012

Compromisso com as Escrituras: caminho para a transformação

“Dá-me entendimento, para que eu guarde a tua lei e a ela obedeça de todo o coração. Dirige-me pelo caminho dos teus mandamentos, pois nele encontro satisfação”.
(Salmo 119: 34,35) 

“Ouçam-me cuidadosamente, rogo-lhes... Adquiram livros que sejam remédios para a alma... Ao menos consigam uma cópia do Novo Testamento, as epístolas dos apóstolos, o livro de Atos, os Evangelhos, e tomem-nos como seus mestres constantes... Não apenas mergulhem neles mas nadem também. Mantenham-nos constantemente em mente. A raiz de todos os males é a falta de conhecimento das Escrituras”.
João Crisóstomo (347-407)

        Uma linda visão tem nos animado e desafiado nos últimos anos. Temos afirmado que ela é a nossa visão para os próximos dez anos, mas na verdade podemos reconhecer, de muitas maneiras, que ela já está entre nós há muito tempo, desde os primórdios deste movimento “de” e “para” estudantes. Essa visão comunica aquilo que desejamos ser: “estudantes que formam comunidades de discípulos transformados pelo Evangelho, para impactar o mundo estudantil, a Igreja e a sociedade para a glória de Cristo”. Sem dúvida, uma meta especial!

        Poderíamos nos debruçar sobre os vários elementos que formam esta visão, imaginando as implicações e desdobramentos de cada um para a nossa tarefa missionária. Porém, pensando nos propósitos deste breve artigo, gostaria de focalizar nossa atenção na expressão central “transformados pelo Evangelho”. Ela liga o que “somos” ao que “fazemos”; sustenta de maneira inseparável o nosso “ser” e o nosso “fazer”, nossa “identidade” e nossa “missão”! Nossa identidade como discípulos será marcada por esta “transformação” contínua, operada por Deus através de Sua Palavra, e o resultado gradativo deste processo será uma nova onda de transformação, “para fora”, um impacto comunitário (“estudantes que formam comunidades”) e duradouro em nossas escolas, universidades, igrejas e cidades.

        Costumamos afirmar corretamente que a Bíblia possui um papel central em nossa caminhada como movimento, e buscamos traduzir isso em nossos programas de formação e, até mesmo, em nossa prática missionária! Não por acaso, nem por mero “costume”, o estudo e a exposição da Bíblia possuem um lugar de destaque em nossos encontros e atividades. 

        A palavra revelada de Deus é o nosso texto por excelência – a “lente” principal por meio da qual conseguimos “ler” a realidade, e não o contrário. Mas é claro, para que a Bíblia seja realmente primordial, nossa “palavra primeira”, ela deve “dialogar” e ter algo a dizer à “palavra segunda”, que é o contexto no qual vivemos. Jorge Atiencia, que foi Secretário de Capacitação da CIEE na América Latina, diz que “esta é uma aproximação existencial à Palavra, onde o ser é tão importante como o conhecer”. E prossegue: “A Bíblia não é um manual de doutrinamento para programar a conduta. É um manual de vida; quando leio, respondo a ela como uma pessoa livre, em uma situação histórica concreta. A Palavra de Deus me encontra como um ser ativo, me propõe um caminho e me convida a tomar uma decisão: ‘Escolhe, pois, a vida’ (Dt 30:15)”.

        Outro elemento importante nesta discussão tem a ver com o objetivo do estudo bíblico. O Pr. Osmar Ludovico nos lembra que “o Deus em quem cremos é Logos, Palavra. Ele tem voz, fala face a face como um amigo... e deseja se fazer conhecido”. A Palavra de Deus nos põe no caminho do encontro com o Deus da Palavra. Ou, colocando em outros termos, a palavra escrita nos conduz à Palavra Viva de Deus: Jesus Cristo. E em Jesus Cristo conhecemos a Deus como Ele é, e ao homem como deveria ser. Ainda segundo Osmar, “as Escrituras devem ser vistas como expressão de amor de um Deus sequioso por estabelecer vínculos de intimidade com sua criatura. Imersos nesse amor, lemos a Bíblia com olhar diferenciado. As Escrituras deixam de ser listas de doutrinas ou regras, tornando-se cartas de amor de um Deus apaixonado, como o noivo que ansiosamente aguarda a noiva”.
        Devemos sempre dar o devido valor para o fato de que as Escrituras Sagradas expressam a “revelação especial” de Deus aos seres humanos. A palavra “revelação” é derivada do latim revelatio (“tirar o véu”), e descreve a ação por meio da qual uma coisa que estava escondida por uma cortina é descoberta e, assim, exposta à visão. Isso é muito importante, pois aponta para a iniciativa de Deus de se fazer conhecido; o que implica no fato de que nós jamais poderíamos conhecê-lo, a não ser que ele tomasse a iniciativa de se fazer conhecido. E o clímax da revelação de Deus foi seu Filho encarnado, o Verbo que se fez carne. Como nos ensina John Stott, “o único Cristo verdadeiro é o Cristo da Bíblia. O que a Escritura fez foi capturá-lo para presenteá-lo a todas as pessoas em todos os tempos em todos os lugares. Se o que se quer é uma descrição do clímax da revelação de Deus, vamos encontrá-la no Cristo histórico e encarnado e em sua expressão total no testemunho bíblico”.

        Por fim, enquanto afirmamos a iniciativa de Deus em se fazer conhecido, por meio de sua “autorrevelação” especial nas Escrituras, também relembramos nossa responsabilidade de nos aproximarmos dela com uma dupla atitude – reverência e disposição para estudá-la. Isto porque temos como crença fundamental o que podemos chamar de “dupla autoria das Escrituras”: a Bíblia é, ao mesmo tempo, Palavra de Deus e palavra de homens; ou melhor ainda, é a Palavra de Deus expressa em palavras humanas. Novamente, citando John Stott, “sendo a Bíblia o tipo de livro que é, temos de assumir duas posturas distintas, mas complementares, em relação a ela. Por ser ela a Palavra de Deus, nós a devemos ler como a nenhum outro livro – de joelhos, em atitude de humildade, reverência, meditação e submissão. Mas, como ela é também palavra de seres humanos, devemos lê-la como se lê qualquer outro livro, considerando bem o que ela diz e com uma mente ‘crítica’”.
Que as palavras de Jesus, extraídas do livro de Deuteronômio, continuem sempre atuais e renovadas em nossa caminhada pessoal e comunitária: “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus” (Mateus 4:4).

Sola Scriptura!

Reinaldo Percinoto Junior
Secretário Geral da ABUB                   

Bibliografia
HALL, Christopher Alan. Lendo as Escrituras com os Pais da Igreja. Viçosa: Ultimato, 2000.
ATIENCIA, Jorge; ESCOBAR, Samuel; STOTT, John. Así Leo la Biblia. Barcelona, Buenos Aires, La Paz: Certeza Unida, 1999.
LUDOVICO, Osmar. Meditatio. São Paulo: Mundo Cristão, 2007.
STOTT, John. A Verdade do Evangelho. São Paulo: ABU Editora, 2000.


terça-feira, 14 de agosto de 2012

Apenas tudo


“Reflita no que estou dizendo, pois o Senhor lhe dará entendimento em tudo”.  2 Timóteo 2.7
“Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todo o seu entendimento e de todas as suas forças”.  Marcos 12:30
Um dos principais desafios em nossa caminhada cristã continua a ser a busca por um relacionamento mais harmonioso e equilibrado entre os vários componentes de nossa identidade (ser) e de nossa prática cotidiana (fazer). Em termos gerais nossa tendência, muitas vezes em resposta a situações circunstanciais, é a de nos abrigarmos mais perto de um ou de outro extremo, e isto acaba dificultando este viver mais integral (integrado no ser e integrador no fazer).
A relação entre a fé e a razão, entre o crer e o pensar, pode exemplificar bem este desafio, tornando-se uma “arena” para uma ferrenha luta em busca de conciliação. E nessa “luta”, como já mencionado, alguns tendem ao anti-intelectualismo estéril, como se a vivência da fé excluísse automaticamente qualquer “aspecto racional”; e outros se aproximam de um “racionalismo” igualmente estéril, que decreta a prisão da fé aos escrutínios da razão.
 
O apóstolo Paulo buscou chamar a atenção de seu jovem discípulo, que ficara em Éfeso, para este importante equilíbrio bíblico envolvendo o esforço humano e a ação divina. Pois, para Timóteo compreender a verdade presente nos ensinamentos do apóstolo, dois processos se farão necessários – um humano e outro divino: reflexão (humana) e iluminação (divina).
Como movimento cristão militando na esfera estudantil, acabamos nos encontrando no “olho do furacão” desta discussão. Claro, aqui só podemos lidar com este assunto de uma forma mais superficial, pois ele abriga várias nuances que podem gerar “desafios colaterais”, ou seja, elementos que vão acabar se tornando tanto complicadores quanto oportunidades para a nossa tarefa evangelizadora e discipuladora.
Como uma contribuição a esta discussão, a ABU Editora recentemente lançou, com o apoio da Editora Ultimato, uma edição especial e comemorativa do clássico “Crer é também pensar”, de John Stott. O livro, publicado originalmente em 1972 na Inglaterra, tinha como um de seus objetivos desafiar seus leitores a buscarem um posicionamento mais equilibrado no que diz respeito ao papel da nossa mente (razão) na vida cristã, então relegada a uma posição inferior. Como podemos facilmente perceber, o livro continua atual em nossos dias!  E alguns grupos da ABUB, como a ABU São Paulo, resolveram homenagear a importância do pensamento e do legado de John Stott, utilizando este título como tema para o ano de 2012.
O título em português deste pequeno e essencial livro acabou se transformando numa espécie de “expressão axiomática” para nos lembrar constantemente de que não devemos separar aquilo que Deus nunca separou! Aquilo que Ele criou para ter integralidade. Neste caso específico estamos falando da relação entre fé e razão, mas também podemos pensar em uma amplitude muito maior, como em “crer é também amar” (cuidado social), ou “crer é também preservar” (cuidado ambiental). Enfim, poderíamos “brincar” com esse “axioma”, pensando em várias atividades nas quais estamos envolvidos no nosso dia-a-dia; mas o fundamental é levarmos a sério este chamado, que perpassa toda a Escritura, para considerarmos todas as áreas de nossa vida a partir de uma perspectiva integrada e integradora. E isso só é possível em e por Cristo! Pois “nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra”, e “foi do agrado de Deus que nele habitasse toda a plenitude, e por meio dele reconciliasse consigo todas as coisas” (Colossenses 1.15-20).
Nossa preocupação com esta perspectiva integral, junto com nosso desejo de que os estudantes entendam melhor esse chamado bíblico, estarão presentes nos próximos dois encontros da ABUB – o Congresso Nacional 2012 e os Cursos de Férias, onde estaremos estudando respectivamente a primeira epístola de João e a epístola de Tiago. Ambas as cartas, enquanto enfatizam a importância da correta doutrina (ortodoxia), também insistem na igual importância de uma correta prática diária (ortopraxia). Como nos lembrou John Stott, “não adianta afirmarmos que conhecemos a Deus e que somos seus filhos se nossa vida não for caracterizada por justiça e amor, em adição à nossa ortodoxia cristológica” (A verdade do Evangelho, ABU Editora, p. 105).       
Gostaria de terminar esta reflexão com uma bela e antiga oração utilizada antes da leitura das Escrituras (citada por Paul Freston em Nem monge nem executivo, Ed. Ultimato, p. 8):
“Senhor, faze brilhar em nossos corações a luz incorrupta do teu divino conhecimento, e abre os olhos da nossa mente à compreensão do teu evangelho. Implanta em nós o temor dos teus mandamentos, para que sigamos um modo espiritual de viver, pensando e fazendo todas as coisas de maneira agradável a ti”.
Amém.
Reinaldo Percinoto Junior
Secretário Geral da ABUB